domingo, 3 de agosto de 2014

O Preço (21 de julho de 2014)



Nós nascemos para a liberdade.

No meu apartamento, apenas com o meu reflexo a me olhar pelo espelho do banheiro, eu sinto orgulho de mim mesmo.

No verde da minha íris eu vejo o brilho indomável da liberdade, e assim eu sei que apenas eu sou o dono da minha vida.

Todas as escolhas...
As certas e as erradas
As pensadas e as impulsionadas
As prudentes e as inconsequentes
Todas as decisões da minha vida são minhas, e ninguém consegue me dobrar para o eu não quero.

No meu futuro eu não enxergo uma vida normativa, aonde eu me deixo escravizar por meus sentimentos e afogo o meu lado pervertido no emaranhado dos meus neurônios, sem levar a vontade para a pele.

Meus desejos vão além do amor.
Minha carne sempre clama por outra, outra e outra, e eu não enxergo lógica em não alimentá-la.

Minha fascinação por diferentes anatomias masculinas não pode ser recalcada como se fosse uma doença.

Amor e luxúria são pecados quase antagônicos e eu sou culpado pelos dois.

Um eu amo, os outros apenas me divertem quando o desejo pelo diferencial aparece, e eu sei que isso não me torna doente.

Tamanhos diferentes, com cores e formatos variados, que tocam cada qual a sua maneira, sem nunca copiar a volúpia do outro.
E eu necessito de cada variação de satisfação.

Sexo não diminui o meu amor, apenas o alimenta cada vez mais, como se os outros sempre me fizessem querer mais o amado dentro da minha vida e do meu corpo.

Poucos entendem essa necessidade, e menos ainda percebem que ela não é um veneno para o ‘amor verdadeiro’, mas eu sei que para amar eu não preciso pagar o preço do puritanismo.

Meu único pesar em viver sob as asas da liberdade é a dor que a incompreensão e insegurança causam no seu coração.

E esse peso está sendo cada vez mais difícil de suportar, porque te ver sofrendo me mata um pouco a cada olhar de tristeza.

Inutilidade (08 de maio de 2014)



Qual a vantagem em dizer ‘eu te amo’ se suas palavras não são creditadas?
Eu sou extremamente avesso ao mundo que me cerca, não consigo fazer nada como deveria.

Eu te amo, mas não abro mão da minha liberdade.

Eu anseio por uma profissão que não sei se serei capaz de exercer.

Eu tenho matado a minha criatividade com pequenas doses de veneno sem ao menos me dar conta disso.

Meus sonhos me assombram com suas alturas, e por mais que eu tente me manter positivamente pretencioso, me intimido com minha própria ambição.

Me sinto patético em meu relacionamento que está fadado ao término por culpa das minhas esquisitices.

Me sinto patético por ser tão desnecessário ao planeta em que habito.

Meus sonhos são mais altos do que eu consigo escalar, essa certeza me sussurra aos ouvidos mesmo quando digo inutilmente que no fim tudo dará certo.

Eu tento ser forte, mas está difícil!
Antes tudo em minha mente era mais lírico, hoje em dia tudo é mais racional.

E meu maior monstro está parado em minha porta, apenas esperando eu dizer “entre”...

Meu genitor.
Meu martírio da adolescência em todo segundo domingo de agosto.
Aquele que mudou seu nome com uma foice nas mãos...

Tudo o que eu anseio hoje é minha fuga mais antiga, fria, gelada e afiada... mas eu tenho que me manter forte, isso é passageiro, sempre é passageiro...
Sempre.. sempre... sempre...
Eu sou forte!
Eu posso ser forte!
Eu serei forte!


Sem lágrimas, sem sangue, sem burrices!

Just Sex (25 de abril de 2014)



Sexo, minha válvula de escape.

Pra mim nada é mais libertador do que ter alguém junto a meu corpo.

Único momento em que eu não penso.
Único momento em que eu deixo alguém comandar.
Único momento em que não sou eu quem está no controle.

Ele me beija, eu não mostro resistência.
Tudo o que eu quero nesse momento é ele!

Preocupações acadêmicas?
Somem da minha mente!

Ele me conduz até seu falo e o gosto me leva ao paraíso.

Fadiga por falta de sono?
Abandona meu corpo sem deixar vestígios!


E assim começa a mais eficiente terapia que eu poderia me submeter...

Blasé (23 de abril de 2014)



Um dia eu descubro o que me faz tão eu...
O que me faz tão mal...

Desânimo.
Preguiça de socializar.
Falta de interesse em flertar.
Cansaço.

Obrigações deixadas de lado.
Pensamentos vazios
Mau humor estampado no rosto.

Olheiras denunciam a noite mal dormida.

Por mais que eu minta pra minha mente, no fundo eu sei que não é uma tristeza passageira.
Queria já ter aprendido a viver com isso.
.
.
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Odeio pessoas...

Monopólio (11 de março de 2014)



Suas mãos tocam minhas costas em um abraço, eu fecho os olhos e minha mente grita o quanto minha vida é errada.
São nesses raros momentos em que eu odeio quem sou.

Minha mente, meu corpo e minha alma parecem não pertencer a essa cultura romântica da monogamia.
Sinto desejo por você, mas não unicamente por você.

Minha forma diferente de amar, sem acreditar que sacrifícios da libido tenham que ser feitos para que o sentimento seja verdadeiro.
A lógica sempre se sobressaindo ao sentimentalismo exacerbado que clama por posse de seres humanos.

Cada qual pertence apenas a si próprio e por mais que eu queira te ter em minha vida...
Que sua companhia me traga paz...
Que teu corpo me leve ao êxtase...
Que teus pensamentos me encantem e tuas palavras me confortem...
Eu não quero ser amarrado nos laços das obrigações ilógicas do “amor convencional”.

A liberdade sexual faz parte do meu ser, me mantém sendo quem sou e disso eu jamais poderei abrir mão.

Para que seguir os padrões de uma sociedade que mal nos aceita?
Nós, mais do que ninguém, sabemos que o amor não é padronizado para todos os apaixonados do mundo. Então porque criar regras?

Cada um sente o que não é palpável de uma forma, a minha é essa; livre!
Amor não é algo que tenha que ser engaiolado
É algo a ser sentido!
Sem monopólio
Sem exigências
E é assim que eu te amo, deixando-te livre para “ser meu” quando você quiser “ser meu” e “ser de outros” quando sentir vontade, assim como eu.

Não somos animais monogâmicos.
Por vezes nos obrigamos a ser
Mas no fundo somos filhos de Sodoma
Somos filhos da antiga Grécia
Da França arcaica
Somos sedentos por liberdade!


E por mais que a era cristã de repressão sexual queira nos mostrar o contrário, não há nada de errado em ser livre.

Plural (01 de fevereiro de 2014)


“Eu sou um ser humano ruim”



Você me vê com um olhar apaixonado e deposita em mim seus românticos desejosos, mas “eu sou um ser humano ruim”.

Eu quero você.
Eu desejo você.
Eu me apaixonei por você
Mas eu não sou bom.

Sexo, beijos, abraços, carícias... eu necessito disso.
Mordidas, arranhões... Eu quero isso.
Braços, pernas, mãos, pelos... Eu desejo isso.
Ser tocado, e não só por você.

Poligamia...

Não sou como você gostaria e não vou me moldar aos seus ideais puros, porque eu não sou puro.

Sexo nunca foi algo puro, nunca foi para ser limpo.
Sexo é sujo, não importa com quem seja, e você é limpo de mais pra entender isso.

Você dentro de mim, com suas mãos sobre meu corpo, seu suor se misturando ao meu, e o gozo... nosso gozo.

Você nunca entenderá o quanto eu te adoro, o quanto eu adoro o seu corpo, sua voz, seu rosto... tudo em você me excita corpórea e intelectualmente.
Mas eu preciso de mais, eu desejo mais, mais variedade, mais formas de gozar, mais pessoas.

O amor não foi feito para ser controlado, regrado, enjaulado.
O amor foi feito para ser distribuído, para ser tocado.
O amor foi feito para ser aproveitado com quem você quiser, com quantos você quiser e da forma que você quiser.

Dopamina, endorfina, ocitocina, serotonina. Tudo o que nossa mente libera para alcançarmos o motivo de estarmos vivos.

V, G, eu. Tudo o que eu quero pra alcançar a minha forma de estar vivo.

Ciúmes, raiva, julgamento. Seus sentimentos ilógicos, como se para você eu tivesse mentido, te enganado. Como se eu o tivesse traído, sendo que tudo o que eu mais fiz durante nossos dias foi ser honesto contigo.

E assim acaba a nossa relação, tudo o que um dia pareceu ter sido idealizado pelas estrelas... acabado, destruído, em ruínas.
Tudo por causa do seu ciúme sem sentido e da minha exaltada liberdade sexual... tudo por orgulho de ambos os lados.

Talvez eu seja mesmo um ser humano ruim, mas se eu me moldar ao seu modo puro de ver e sentir o ‘nosso mundo’, a única pessoa que eu estaria traindo seria eu mesmo.


Eu me apaixonei por você, Victor, mas não posso deixar de ser quem sou, não cometerei esse erro comigo uma vez mais.