terça-feira, 2 de agosto de 2016

980 days of you (2 de agosto de 2016)



Hoje eu acordei triste.
Algo que tem se tornado cada vez mais comum em minha vida, mas eu sei que não será sempre assim, porque dessa vez eu sei o nome e sobrenome dessa tristeza e sei que uma hora vai passar.

O amor é mesmo uma droga poderosa, te faz acreditar que é tudo o que você precisa, que é o suficiente para suprir todas as suas necessidades e que por ele você pode passar por cima de qualquer coisa, até mesmo por cima de suas próprias vontades.

Mas sempre que isso acontece, chega uma hora em que você não consegue mais suportar o peso de se privar de seus anseios e é aí que geralmente você percebe que amor não é tudo e vem o temido término.

E foi assim quando eu não mais aguentei a privação da qual me submeti e você foi embora, exatamente como você já tinha me dito que iria.

E eu sei que você não entende o motivo que me trouxe até aqui, mas eu simplesmente não podia mais levar a minha vida dessa forma, eu não podia mais viver me aprisionando dentro do meu próprio corpo, eu jamais conseguiria alcançar a auto satisfação com o espelho dessa forma, e não existe nada pior do que acordar todos os dias da sua vida se odiando, odiando o que você vê no espelho, odiando o que você toca durante o banho, odiando as roupas que se veste, odiando os nomes que usam para te descrever ou se referirem a você, odiando até mesmo o som da sua própria voz.

Essa é uma dor insuportável da qual eu não podia mais me forçar a suportar, minha capacidade de resiliência é limitada e eu cheguei ao meu limite. 

E acredite, nada na minha vida foi mais difícil do que me ver tendo que escolher entre minha vida e você, porque o que eu mais queria era poder ter você para sempre comigo, mas não é assim que a vida funciona e sempre é preciso sacrificar algo que se ama para ter algo que se precisa, e me doeu muito sacrificar esses dois anos e oito meses que compuseram o nosso maravilhoso relacionamento.

E por mais que nós tenhamos tido nossas desavenças, por mais que nós não tenhamos sabido direito como lidar com nossas diferenças, você foi um namorado melhor do que eu jamais pude imaginar que eu viria a ter, e eu te amei muito durante todos esses dias e continuo de amando, e é com lágrimas nos olhos que eu digo que eu sinto a sua falta todos os dias, desde o momento em que eu acordo até o momento em que vou me deitar, e eu sinto que será assim durante muito tempo.

E mesmo eu sendo uma pessoa tão rancorosa, eu não guardo nenhuma mágoa de você, de nenhuma das suas palavras nos nossos maiores momentos de crise e nem do nosso término nada amigável. 

Eu realmente desejo que você seja feliz, do fundo do meu coração eu desejo que você seja realmente feliz, e eu sei que você será, porque pessoas incríveis como você sempre encontrarão quem as ame.

O que eu ganhei nesses 980 dias ao seu lado jamais poderiam me fazer acreditar que perdi meu tempo, eu só tive ganhos na minha vida com você.

Te amarei para sempre.

Adeus, meu grande amor.


202 (20 de julho de 2016)



A lâmina fria desliza suavemente pela minha pele, com tão pouca força que não deixa mais do que vergões espaçados.

Olho para todas as antigas marcas que me tem me acompanhado por anos, cada uma contando a sua história triste, e eu quase posso sentir o gosto do alívio que seus aparecimentos me proporcionaram.

E enquanto a lâmina dança entre minhas cicatrizes, eu sinto cada vez mais anseio em assistir o sangue escorrendo da minha pele.

Mais desejo em macular a carne para liberar toda a dor represada em minha mente.

E a angústia só aumenta, juntamente com o medo de voltar para o vício altamente destrutivo que a automutilação representa.

E quando a lâmina finalmente termina sua dança, encontrando o local exato da minha pele onde ela deve repousar, começa a hora da pressão.

Cada vez mais a lâmina sendo pressionada em minha pele, e cada vez mais o gosto do alívio parece mais perto de tomar meu ser.

Eu quase posso sentir a pele começando a ceder, na iminência do desaparecimento do sofrimento e a chegada daquela antiga sensação estranha de não sentir absolutamente mais nada.

E quando em fim sinto que a catarse está chegando, minha mente é tomada por uma força que eu já não achei mais que eu possuísse.

Uma força capaz de parar a pressão e guardar o bisturi sem que nenhuma nova marca tenha sido feita.

E a angústia continua, mas não será assim que me livrarei dela.


"Cuidado" 20 de julho de 2016


Sua mente é errada
Não funciona direito
Precisa de uma mudança 

Seus pensamentos não combinam com o mundo
Não são normais 
Precisa de melhoramento 

Você não tem autonomia para saber o que é melhor para você 
Você é incapaz de ter uma conclusão sobre quem você é
Precisa deixar que nós ditemos sua trajetória

Não adianta ficar triste, você não tem motivos para isso
Você não pode tomar certas decisões 
Faça o que mandarmos, que isso é para o seu bem

Estamos preocupados com você 
Você não vai ser feliz desse jeito 
Nós te amamos, sabemos o que é melhor para você

Não faça nada do que você possa se arrepender 
Você vai se arrepender 
Seja a pessoa que nós queremos que você seja, só assim você terá uma vida feliz

Você não sabe o que você sente
Você não se conhece 
Você está se enganando 
Você não sabe o que é melhor para você 
Você não sabe de absolutamente nada sobre o que é melhor para você 
Você vai ser infeliz 
Faça apenas o que nós te dissermos 
Não faça isso

Você vai se arrepender 

Você vai se arrepender 

Você vai se arrepender

terça-feira, 28 de junho de 2016

Talvez (29 de junho de 2016)




Talvez eu seja mesmo uma pessoa ruim.

Talvez toda a empatia que eu achei que tivesse, fosse só uma forma de mentir para minha mente.

Talvez eu seja uma pessoa egoísta.

Talvez eu seja mesmo uma pessoa insensível.

Talvez as pessoas que me disseram tais coisas estivessem certas.

Talvez eu seja uma pessoa ruim.

Talvez pessoas ruins devessem ficar afastadas.

Sozinhas para não infectar o resto do mundo com sua maldade.

Sozinhas para não causarem mais mal nenhum.

Talvez seja isso o que me resta.

Ficar só.

Medo (28 de junho de 2016)




Eu nunca fui o tipo de pessoa que alardeia seus progressos ou tentativas de melhoramento.

Eu sempre fui do tipo que age nos bastidores, que evolui distante do palco, que absorve o que está ao seu redor e aplica isso ao pensamento longe dos outros.

Sempre fui o tipo de pessoa solitária, que não sabe pedir ajuda e sente necessidade de resolver seus problemas sem interferência de fora.

E por possuir tal característica, eu nunca gostei de me abrir totalmente para ninguém, nem para aqueles por quem eu sinto que daria minha vida caso fosse necessário.

E nas poucas vezes em que eu não ouvi meu instinto solitário, eu percebi o quanto o ser humano pode ser manipulador.

E assim eu fui a cada momento sentindo mais receio de me mostrar para o mundo.

Mas tantos anos represando vontades e sentimentos tem me causado tantos problemas que me parece impossível deixar tudo explodir sem causar ruptura em muitas das minhas relações.

E para uma pessoa como eu, acostumada com a solidão, cada relação tem um peso grandioso, e por mais que eu saiba que sou especialista em cortar pessoas da minha vida, eu sei que algumas fariam uma falta tão grande que seria difícil superar.

Mas a cada segundo que passa tenho mais certeza que a minha explosão está mais próxima, e isso me assusta.

Eu não sei se possuo força para sobreviver aos meus próprios demônios.

Insensibilidade (28 de junho de 2016)





"Insensível" 

"Frio"

"Indiferente" 

Estou me cansando de ter sempre que dar explicações de como eu sinto as coisas e da intimação constante para que eu me adeque ao padrão emocional.

Todos possuem limitações, e as minhas são essas;
Eu necessito de palavras para entender o que o outro sente, e necessito de um direcionamento para saber como agir em detrimento do sentimento do outro.

Nem mesmo os meus próprios sentimentos são facilmente interpretados por mim.

E eu sofro com isso.

Ninguém percebe o quanto me machuca não ser como a maioria das outras pessoas, e dói de um jeito inexplicável ouvir que sou "insensível".

Tenho a impressão de que me leem como se eu fosse uma espécie de androide incapaz de sentir qualquer coisa, mas isso não é verdade... 
Eu sei que não é verdade.

Eu tenho sentimentos, eu tenho minhas dores e tenho minhas alegrias, por mais destoante que esses sentimentos sejam em comparação com o modo que os outros sentem e demonstram sentir.

Mas isso ninguém percebe, e nem teriam como perceber, meu semblante e minhas atitudes apáticas não são o esperado pela maioria.

Já aceitei que sempre serei a pessoa insensível, fria, indiferente... mas eu jamais serei alguém que obriga outros a me aguentarem, cada um é livre para escolher sentir frio ao meu lado ou buscar calor em outros.

Mas caso escolha o frio, eu imploro para que não me faça sentir culpa por ser incapaz de fornecer calor.

Eu simplesmente não consigo ser como a maioria.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Culpa (23 de junho de 2016)




Ultimamente meus dias estão tão difíceis que eu não estou sabendo lidar com eles.

O monstro da depressão está cada vez mais próximo de mim e eu sinto que terei minha mente engolida de novo.

Estou com muita matéria cumulada e não sinto o mínimo ânimo para estudar.

Não consigo dormir direito a noite e durante o dia minha vontade é apenas de ficar em baixo das cobertas.

Qualquer coisa tem me deixado triste, minha auto estima está lá em baixo e eu fico o tempo todo tentando fingir ser uma pessoa forte.

Mas a vontade de sucumbir ao chamado do aço está me atormentando.

Eu não sei o que fazer para melhorar.
Sinto culpa por não me sentir como todos esperam que eu me sinta em relação a mim.

Sinto culpa por não conseguir ser uma pessoa mais empática.

Sinto culpa por não conseguir estudar.

Sinto culpa por não conseguir esquecer minhas dores.

Sinto culpa por não ser feliz mesmo sabendo que tenho tantos motivos para ser.

E sinto culpa por ser uma pessoa tão difícil de ser amada.

As vezes eu só queria ter mais força para suportar esse peso que só eu enxergo e só eu sinto.

Nesse momento tudo o que eu quero é fazer esse peso ficar mais leve, mas isso significaria mais uma cicatriz, e eu não quero mais essa dependência destrutiva.

Daqui a pouco o dia amanhece e exigirá de mim um sorriso falso enquanto minha mente me destrói mais a cada minuto.

E eu sinto que não tenho mais força para isso.

"Altruísmo" (23 de junho de 2016)



Ninguém faz nada por ninguém.

Todas as nossas ações são realizadas visando nosso bem estar ou o bem estar de nossos genes, por mais que esses genes não estejam em nossos corpos.

Todas as boas ações que fazemos servem para alimentar nossa auto estima, para nos sentirmos úteis, para que nossos espíritos não sofram após a morte, ou para outras pessoas nos verem como "bons samaritanos", nada é feito pensando realmente no outro, por mais que não nos demos conta disso.

E em relacionamentos amorosos não é diferente.

Nós buscamos relacionamentos para obtermos bem estar, para sermos bem tratados, conseguirmos uma estabilidade, não ficarmos sozinhos, ter alguém para nos ajudar a levantar quando caímos.

Todas as vezes que cuidamos do outro, estamos na verdade garantindo que seremos cuidados quando precisarmos.

Todas as vezes que nos sentimos mal por vermos o outro triste, é porque naquele momento aquela pessoa não poderá nos proporcionar bem estar.

Todas as vezes que declaramos nosso amor, é para ouvirmos o quanto o outro nos ama.

E todas as vezes que nossas expectativas não são atendidas, aparecem as frustrações, as brigas, as chantagens emocionais... os términos.

Cada um com sua tática para fazer o outro se adequar às nossas vontades, ao nosso bem estar, e quem não sabe jogar perde.

O amor é uma emoção egoísta, e quando nos damos conta disso, inevitavelmente nos questionamos se a pessoa que está ao nosso lado ficaria conosco independente da adversidade que possa surgir, e a coisa mais difícil é admitirmos para nós mesmos que o risco do abandono é sempre existente.

É só uma questão de tempo.


terça-feira, 15 de março de 2016

Louise (14 de março de 2016)



Um homem faz chantagem emocional para atrair a sua atenção.

Um homem decide que você o pertence e se torna incapaz de ouvir o seu 'não'.

Um homem silencia a sua voz com clorofórmio.

Um homem retira a vida do seu corpo... e tudo acaba da pior forma possível.

Aos vinte anos, você tinha todo um futuro maravilhoso pela frente, tantas possibilidades de acontecimentos incríveis, e saber que tudo isso foi retirado de você em nome de um sentimento é no mínimo devastador.

Me enjoa saber que alguns ousam chamar esse abuso de amor, elucidando o quanto a definição de 'amor' que essa sociedade machista prega é torpe.

E mesmo sem ter te conhecido, eu sinto a sua dor, porque a sua dor nos será lembrada todas as vezes que andarmos pela UnB, todas as vezes que entrarmos em um dos laboratórios do Instituto de Biologia, todas as vezes que olharmos para o departamento de genética, onde o seu ultimo suspiro foi roubado de você.

E mais do que isso, a sua dor nos é lembrada todas as vezes que um homem tenta ser dono de uma mulher.

Sua dor nos é lembrada todas as vezes que uma mulher é agredida por um homem.

Sua dor nos é lembrada todas as vezes que uma mulher tem sua vida terminada por decisão de um homem.

E o sentimento de raiva misturado com tristeza e revolta que marcou nossos corações nesse onze de março é indefinível em palavras.

Eu simplesmente não sei como fazer essa dor passar.

Louise, você estará para sempre em nossas mentes e nossos corações.

sexta-feira, 11 de março de 2016

I'm feel so (fake) fine today (11 de março de 2016)



I'm feel so pretty today

Acordar, escovar os dentes, tomar banho, se vestir ir para a UnB.

I'm feel so wonderful today

Assistir aula, rir com os amigos, almoçar, pegar ônibus.

I'm feel so amazing today

Chegar em casa, acariciar as gatas, ligar o videogame, assistir Netflix.

I'm feel so good tonight

Ligar o computador, comer alguma coisa, não conseguir dormir, pensar na vida.

I'm feel so happy tonight

Sentir vontade de chorar, ignorar mensagens no whatsapp, se perguntar que merda está acontecendo com sua vida.

I'm feel so sexy in this down

Se olhar no espelho, sentir vontade de quebrar o reflexo que te olha de volta, se sentir impotente.

I'm feel so brave in this down

Ver o sol nascer, ouvir o celular despertar, sentir medo de nunca conseguir se livrar dos seus demônios.

I'm feel so... 
I'm feel so... 
I'm feel so sad today...

quinta-feira, 10 de março de 2016

Resumo Unilateral (10 de março de 2016)



Abro a porta e você sorri com sua camiseta amarela e barba por fazer, e eu só penso "ele é mais bonito pessoalmente que por fotos".
E a noite fica perfeita com nossos orgasmos sincronizados.
No dia seguinte você foi o assunto com meus primos.


Semanas depois eu me pego falando sobre você de novo com um primo e ele diz "o mesmo cara? Vai acabar se apaixonando, cuidado", e acabei mesmo.

Chega a virada do ano e viajo com os amigos da faculdade, não fico um dia sem te contar tudo o que acontecia naquela chácara, até meu celular travar.
E mais uma vez você foi o assunto com meus amigos.

Chega fevereiro e temos nossa primeira briga, você me diz coisas horríveis e eu as respondo dizendo que você já sabia como eu era e quis ficar comigo mesmo assim.
Fazemos as pazes no dia seguinte.

Em março você diz que quer começar a me chamar de 'namorado', eu hesito, você diz que podemos criar nossas próprias regras, continuo hesitando.
Dias depois me pego te chamando de 'namorado' enquanto falo de você na faculdade, quando te digo isso nós definimos as regras do nosso namoro aberto.

Te apresente para minha família como meu namorado, minha mãe te adora e passa a te tratar como se você fosse filho dela.

Tem happy hour na UnB, eu te chamo mas você não gosta de festas, fico alto com brigadeiros, você me busca e ri das minhas pupilas dilatadas. Dormimos no apartamento de uma das suas irmãs e viajamos com ela e duas amigas no dia seguinte.

O tempo passa, você mexe no meu celular e se depara mais uma vez com o significado de "relação aberta", temos nossa segunda briga, você diz coisas horríveis e dessa vez eu respondo no mesmo tom.
A gente faz as pazes e eu mudo a senha do celular.

Você me apresenta para sua mãe como se eu fosse apenas seu amigo, ela me adora e os almoços de domingo na sua casa se tornam rotina.

Viajo com os amigos da faculdade, quando volto te conto tudo sobre os acontecimentos etílicos e lisérgicos.

Em maio você me liga inúmeras vezes mas eu não posso atender, quando você descobre o motivo você fica com raiva, a gente briga, você diz coisas horríveis e eu respondo no mesmo tom.
Minhas amigas me consolam.
A gente faz as pazes.

Chega junho, comemoramos nossos aniversários e dia dos namorados com comida mexicana.

Em julho eu viajo com minha família, você não pode ir por estar trabalhando, fico no whatsapp sempre que posso para falar com você.

Você me conta que disse para sua mãe que eu sou sou namorado, ela não reage bem mas sua irmã te dá apoio.
Deixo de ser bem tratado por sua mãe, mas você insiste que eu continue indo a sua casa.

Viajamos para três estados seguindo a turnê da sua cantora preferida, tudo fica incrível.

O tempo passa e você viaja para fora do país, eu fico aqui.

Você volta de viajem, surge um problema quando vamos transar, você me pergunta algo e eu minto.
Demoro horas para dormir e decido te contar a verdade no dia seguinte,
Você acorda, mexe no meu celular, a gente briga e eu mudo a senha mais uma vez.

Viajo com minha família para voar de asa delta, você não pode ir por causa do trabalho, te conto tudo pelo whatsapp.

Nossa vida sexual fica complicada, decido fechar o relacionamento, você aceita.

Minha mãe faz aniversário, preparamos uma pequena festa e no mesmo dia completamos nosso primeiro ano juntos, comemoramos com comida mexicana.

Nossa vida sexual continua com problemas, procuro uma médica.

Chega a virada do ano, passamos com minha mãe.

Faço uma operação, você me acompanha.

Você diz que eu não demonstro mais interesse sexual por você, eu te conto algo que me incomodou durante a minha vida inteira e você não reage bem e me diz coisas horríveis, eu só consigo chorar e você também.

Vou para uma festa na casa de uma amiga, quando você vai me buscar eu te conto como foi e digo que fumei maconha, você fica com raiva e a gente briga.

Viajo com minha mãe, converso com ela e ela reage bem.
Volto de viajem e começo a fazer terapia.

Tranco a faculdade e passo a viver meus dias deitado na cama.

Você reclama cada vez mais do nosso problema sexual.

Começo a ter crises de rinite, sua mãe diz que o motivo é eu ser preguiçoso, eu não gosto, você percebe minha irritação e ri com ela.
Eu fico com raiva e saio da sua casa.


Continuo passando meus dias sem sair de casa.

A gente termina e em menos de duas semanas voltamos.

Viajo com os amigos da faculdade, é um desastre.

O psicólogo sugere que eu a gente abra o relacionamento de novo, algo que você já tinha sugerido e eu tinha negado, mas dessa vez eu te digo que irei pensar a respeito.

Você viaja a trabalho, vê meu perfil em um app, a gente briga.

Você continua reclamando do nosso problema sexual, eu continuo passando meus dias na minha cama.

Combinamos de ir para a Parada Gay juntos, no dia você decide que não vai mais e eu vou com um amigo, você vê meu perfil em um app e a gente briga.

Chega junho, comemoramos seu aniversário, dou uma festa pequena no meu apartamento para comemorar meu aniversário, e depois comemoramos o dia dos namorados com comida mexicana.

Em julho eu viajo com minha família, você não pode ir por estar trabalhando, falo com você pelo whatsapp sempre que posso.

Começa outro semestre e eu volto as aulas ao mesmo tempo que você começa uma faculdade, passamos a voltar juntos para casa.

Você continua reclamando do nosso problema sexual.

Viajamos para São Paulo para assistir um show, ver uma amiga minha e andar pela cidade.
A viajem é ótima mas você não me abraça enquanto sinto frio na fila do show.


Viajamos mais uma vez a São Paulo para assistir outro show da sua cantora preferida, dessa vez você me abraça na fila, é maravilhoso.

Minha mãe faz aniversário, preparamos uma festa pequena para ela e depois vamos para um restaurante mexicano comemorar mais um ano juntos.

Seu melhor amigo vem passar uns dias em Brasília, você me apresenta para ele como se eu fosse outro amigo seu.

Você lê dois textos meus e termina comigo, minhas amigas e minha mãe me consolam.
Eu te peço para voltar, você aceita e nós vamos a festa de aniversário de uma das minhas amigas.

Um amigo meu faz aniversário e nós vamos a festa dele, eu te falo do meu desconforto em sempre ser apresentado como se eu fosse seu amigo.

Você me liga, eu não atendo.
De madrugada você me questiona o porquê eu não pude atender, a gente briga.
No dia seguinte um amigo meu me conta que dormiu com você e quando você vai na minha casa para acertar as coisas eu te pergunto sobre isso, descubro que aconteceu no meu aniversário, na minha cama.

A gente briga.

Passo a virada de ano com amigos na casa da minha mãe, o assunto da noite é se eu devo ou não terminar com você.

Dias depois a gente se reencontra e fazemos as pazes redefinindo as regras do nosso namoro ainda aberto.

Tentamos transar e eu não consigo ir até o final.

Você me apresenta para uma amiga sua e diz que sou seu namorado, ela reage bem e eu fico extremamente feliz.

No final de fevereiro eu sigo as nossas novas regras e te conto que fiquei com outro cara, você fica com raiva e passa quatro dias sem falar comigo.

A gente discute a relação e saímos para jantar com sua mãe, ela se irrita quando descobre que você vai dormir na minha casa.
No dia seguinte você me chama para ir almoçar na sua casa, me recuso a ir por causa da sua mãe e você diz estar decepcionado comigo.

Em uma quarta feira a gente conversa durante uma hora pelo whastapp, eu digo que precisamos de um tempo.
Uma semana depois você me liga enquanto estou com minhas amigas dizendo que seu tempo já passou e você quer voltar, eu digo que ainda preciso de mais tempo.

Faz duas semanas que começamos a dar um tempo e eu ainda não sei que porra eu devo fazer.

terça-feira, 8 de março de 2016

Questionamento (09 de março de 2016)




O que te faz ser quem você é? 

São as suas roupas?
Seus cabelos?
Sua cor?
Seu gênero?


São seus sentimentos?
Sua personalidade?

Seus pensamentos?
Suas ideologias? 


O que te faz se apaixonar por alguém?
A aparência?

O toque?
A voz?
Os genitais?

São os posicionamentos?
As atitudes?
O modo de ver o mundo?
A compatibilidade?

Você se apaixona pelo que você vê?
Pelo que você sente?
Ou por quem realmente a pessoa é?

Alguém se quer sabe quem realmente outra pessoa é?
Alguém se quer sabe quem realmente é?

A todo instante parece que nós não passamos de um aglomerado de conceitos que os outros usam para nos definir, o nosso "eu" não é construído por nós, mas sim pelos rótulos que outro coloca em nosso corpo.

E a paixão... seria possível nos apaixonarmos por alguém real? Ou nos apaixonamos pela imagem que criamos de alguém? 

Se as pessoas estão sempre mudando, sempre amadurecendo, sempre se transformando em uma nova versão de si mesmas, seria possível continuar amando a mesma pessoa caso conhecêssemos a verdadeira essência de cada um?

Ou nós criamos no outro a imagem daquilo que queremos nos apaixonar, e quando a mudança do outro já é grande o bastante para continuarmos a manter a imagem que projetamos... o amor acaba?

Será que se o amor for verdadeiro ele continua mesmo quando percebemos que a pessoa que amamos não é mais a pessoa que nos apaixonamos?

Quando a imagem que você tinha de mim começou a desmoronar, quando você começou a conhecer mais partes de mim, partes essas que você nunca imaginou que existissem, você desmoronou junto.
Na época você não soube lidar comigo, e eu não soube lidar com a certeza de que você amava mais a imagem que tinha de mim do que amava a mim mesmo.

Você amava o que conhecia, mas não a minha totalidade, e eu percebi que amor incondicional é a maior mentira que eu já quis acreditar.

A imagem que eu tinha de você já se modificou inúmeras vezes nesses anos, porém eu aprendi a amar todas essas modificações, mesmo as que me machucaram. 
Mas o amor que eu sinto por mim precisa ser maior do que amor que eu sinto por você, e eu não estou me amando muito ultimamente, e agora, escrevendo esse texto às 03h50 da manhã, eu finalmente te entendi, você se amou em primeiro lugar e isso não é errado, o erro estava em mim por não enxergar isso.

Amor próprio, talvez seja disso que eu esteja precisando.

Frio Como Inverno (08 de março de 2016)



Entender meus sentimentos nunca foi uma tarefa fácil, sempre tive dificuldade de processar o motivo de eu não sentir o que a maioria das pessoas sentem.

Na minha mente tudo sempre pareceu mais ameno do que era pra ser.

Aquela saudade avassaladora por estar longe da pessoa amada sempre foi mais um desconforto.

Aquela necessidade de estar ao lado dos amigos só aparece depois de meses sem os ver.

As palavras de carinho que todo mundo adora escutar nunca foram o meu forte.

E os homens que estiveram em minha vida por mais de um mês foram embora me dizendo as mesmas coisas:

"Você é muito frio"
"Você é muito indiferente"
"Você é cruel"

Até mesmo os que ficaram apenas por uma semana perceberam minha falta de calor emocional.

Durante anos isso foi uma preocupação para mim.
Durante anos eu senti medo que isso me tornasse menos humano.
E durante anos eu tentei me forçar a sentir como os outros sentiam.

E de repente, em uma conversa com amigos que eu não via há tempos, as palavras saem da minha boca: "eu tenho que mudar meu jeito de ser".

E todos foram categóricos: "não tem não".

E enquanto me diziam o porquê eu não tenho que mudar eu percebo o quanto estão certos.

Sempre que alguém que eu amo precisa de mim, eu faço tudo o que está ao meu alcance para ajudar.

Sempre que alguém precisa desabafar, eu ofereço meu ombro.

Sempre que algum dos meus está com problemas, eu os tomo para mim e sinto a dor com eles.

Eu realmente me importo com os meus amados, e além disso, eu me importo com aqueles que não conheço mas sei que estão em situações ruins.

Posso não ser uma pessoa carinhosa, eu realmente não sinto tudo como todos demonstram sentir, mas o sentimento mais humano que é a empatia, eu com certeza tenho.

E isso é mais do que muita gente pode dizer.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Desabafo nada poético (03 de março de 2016)



Enquanto a água do chuveiro escorre pelo meu corpo eu penso em tudo o que vivemos, ignorando o viés romântico e focando em como realmente tudo aconteceu.

Talvez eu realmente tenha errado.
Talvez eu realmente não tenha sido uma pessoa suficientemente carinhosa.
Talvez eu tenha sido exigente demais com a desconstrução dos seus preconceitos.
Talvez eu tenha cobrado um amadurecimento emocional que você não estava pronto para ter.

Mas eu não fui o único erro em toda essa história.

Quantas vezes eu tive que engolir meu orgulho enquanto ouvia sua mãe lançar ofensas contra mim e você não fez absolutamente nada?

Quantas vezes eu tive que interpretar o papel de "amigo seu" enquanto seus amigos estavam ao nosso redor? 

Quantas vezes eu tive que regrar meu grau de feminilidade para que esses seus amigos não desconfiassem que eu mais do que "um amigo" seu?

Quantas vezes eu tive que ficar me explicando repetidamente para você entender a forma como meus sentimentos funcionam?

Quantas vezes eu quis conversar e você não prestou a mínima atenção em tudo o que eu dizia para tentar fazer isso dar certo?

Quantas vezes você ficou com raiva de mim por eu seguir a regras que colocamos no nosso relacionamento, enquanto você as ignorava sempre que podia?

Quantas vezes você jogou em mim a responsabilidade pelos problemas que surgiram na nossa vida sexual?

Quantas vezes você disse coisas extremamente ofensivas e não entendeu como eu não pude esquecer tais palavras?

Quantas vezes você ignorou minhas reclamações ou as diminuiu me questionando como eu poderia me incomodar com algo tão pequeno?

Quantas vezes você afirmou que só você tentava fazer nosso relacionamento dar certo, esquecendo de todas as vezes que eu passei por cima do meu querer por você?

"Amor sempre exige sacrifício", você diz, mas cada sacrifício tem um limite, quando esse limite é ultrapassado começa a se transformar em anulação, e eu não me transformarei mais na pessoa que se anula por um homem, mesmo que esse homem seja você.

"Todo casal tem seus problemas", você diz, e é verdade, toda convivência gera problemas, mas isso não deve ser usado como desculpa para deixar as coisas como estão.

Eu cheguei ao meu limite e não consigo mais esperar o seu tempo para resolver seus erros, seus medos e suas inseguranças, eu cansei. 

Claro que você teve muitos progressos durante todo esse tempo, eu não cometerei a injustiça de ignorar seus avanços, mas já se foram dois anos e eu não posso esperar mais dois anos para você dar seu próximo passo.

Nós estamos em barcos diferentes, remando contra correntes diferentes, em oceanos diferentes, e enquanto estivermos tão distantes assim, será impossível remarmos juntos.

Eu realmente cheguei no meu limite, e se as coisas não mudarem... mesmo te amando mais do que eu já amei qualquer outro homem na minha vida, eu precisarei reaprender a viver sem você.

A - R - O - M (27 de fevereiro de 2016)



O - A - R - M 

Quatro letras que fodem tudo quando se juntam.

O tão sonhado mito inalcançável.
Exaltado em poesias.
Enaltecido em filmes.
Idolatrado em livros. 

M - A - O - R

Regras sociais definem o que pode ser sentido e o que é condenável, dificultando a montagem das peças.

Egoísmo passa a ser normal.
Possessão se torna romance. 
Controle é tido como cuidado.

R - M - O - A

A livre interpretação não existe, apenas sentir não é o bastante, também é preciso regrar como se deve sentir.
É preciso definir quantidade.
É necessário reprimir desejo.
É esperado e cobrado que se siga o padrão.

E todos nós estamos infectados com essa doença de querer alcançar o inatingível.
Sempre nos achando especiais demais para errar na busca do complemento, mas acontece que nós já somos completos.

R - A - O - M

A geração enganada pelo cinema.
Iludida pela Disney.
Moldada pela comédia romântica.

A geração que mais engoliu a mentira do romantismo começa aos poucos a entender que regras sociais necessitam de revisão, porque quando essas malditas quatro letras se juntam, tudo não passa de instabilidade emocional, e o tal do "felizes para sempre" não existe todos os dias.

Porque todo sentimento precisa ter seu grau de resiliência respeitado.
Precisa ser nutrido.
Precisa ser sincero.
Precisa de liberdade.

A - M - O - R incondicional não existe.