terça-feira, 28 de junho de 2016

Talvez (29 de junho de 2016)




Talvez eu seja mesmo uma pessoa ruim.

Talvez toda a empatia que eu achei que tivesse, fosse só uma forma de mentir para minha mente.

Talvez eu seja uma pessoa egoísta.

Talvez eu seja mesmo uma pessoa insensível.

Talvez as pessoas que me disseram tais coisas estivessem certas.

Talvez eu seja uma pessoa ruim.

Talvez pessoas ruins devessem ficar afastadas.

Sozinhas para não infectar o resto do mundo com sua maldade.

Sozinhas para não causarem mais mal nenhum.

Talvez seja isso o que me resta.

Ficar só.

Medo (28 de junho de 2016)




Eu nunca fui o tipo de pessoa que alardeia seus progressos ou tentativas de melhoramento.

Eu sempre fui do tipo que age nos bastidores, que evolui distante do palco, que absorve o que está ao seu redor e aplica isso ao pensamento longe dos outros.

Sempre fui o tipo de pessoa solitária, que não sabe pedir ajuda e sente necessidade de resolver seus problemas sem interferência de fora.

E por possuir tal característica, eu nunca gostei de me abrir totalmente para ninguém, nem para aqueles por quem eu sinto que daria minha vida caso fosse necessário.

E nas poucas vezes em que eu não ouvi meu instinto solitário, eu percebi o quanto o ser humano pode ser manipulador.

E assim eu fui a cada momento sentindo mais receio de me mostrar para o mundo.

Mas tantos anos represando vontades e sentimentos tem me causado tantos problemas que me parece impossível deixar tudo explodir sem causar ruptura em muitas das minhas relações.

E para uma pessoa como eu, acostumada com a solidão, cada relação tem um peso grandioso, e por mais que eu saiba que sou especialista em cortar pessoas da minha vida, eu sei que algumas fariam uma falta tão grande que seria difícil superar.

Mas a cada segundo que passa tenho mais certeza que a minha explosão está mais próxima, e isso me assusta.

Eu não sei se possuo força para sobreviver aos meus próprios demônios.

Insensibilidade (28 de junho de 2016)





"Insensível" 

"Frio"

"Indiferente" 

Estou me cansando de ter sempre que dar explicações de como eu sinto as coisas e da intimação constante para que eu me adeque ao padrão emocional.

Todos possuem limitações, e as minhas são essas;
Eu necessito de palavras para entender o que o outro sente, e necessito de um direcionamento para saber como agir em detrimento do sentimento do outro.

Nem mesmo os meus próprios sentimentos são facilmente interpretados por mim.

E eu sofro com isso.

Ninguém percebe o quanto me machuca não ser como a maioria das outras pessoas, e dói de um jeito inexplicável ouvir que sou "insensível".

Tenho a impressão de que me leem como se eu fosse uma espécie de androide incapaz de sentir qualquer coisa, mas isso não é verdade... 
Eu sei que não é verdade.

Eu tenho sentimentos, eu tenho minhas dores e tenho minhas alegrias, por mais destoante que esses sentimentos sejam em comparação com o modo que os outros sentem e demonstram sentir.

Mas isso ninguém percebe, e nem teriam como perceber, meu semblante e minhas atitudes apáticas não são o esperado pela maioria.

Já aceitei que sempre serei a pessoa insensível, fria, indiferente... mas eu jamais serei alguém que obriga outros a me aguentarem, cada um é livre para escolher sentir frio ao meu lado ou buscar calor em outros.

Mas caso escolha o frio, eu imploro para que não me faça sentir culpa por ser incapaz de fornecer calor.

Eu simplesmente não consigo ser como a maioria.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Culpa (23 de junho de 2016)




Ultimamente meus dias estão tão difíceis que eu não estou sabendo lidar com eles.

O monstro da depressão está cada vez mais próximo de mim e eu sinto que terei minha mente engolida de novo.

Estou com muita matéria cumulada e não sinto o mínimo ânimo para estudar.

Não consigo dormir direito a noite e durante o dia minha vontade é apenas de ficar em baixo das cobertas.

Qualquer coisa tem me deixado triste, minha auto estima está lá em baixo e eu fico o tempo todo tentando fingir ser uma pessoa forte.

Mas a vontade de sucumbir ao chamado do aço está me atormentando.

Eu não sei o que fazer para melhorar.
Sinto culpa por não me sentir como todos esperam que eu me sinta em relação a mim.

Sinto culpa por não conseguir ser uma pessoa mais empática.

Sinto culpa por não conseguir estudar.

Sinto culpa por não conseguir esquecer minhas dores.

Sinto culpa por não ser feliz mesmo sabendo que tenho tantos motivos para ser.

E sinto culpa por ser uma pessoa tão difícil de ser amada.

As vezes eu só queria ter mais força para suportar esse peso que só eu enxergo e só eu sinto.

Nesse momento tudo o que eu quero é fazer esse peso ficar mais leve, mas isso significaria mais uma cicatriz, e eu não quero mais essa dependência destrutiva.

Daqui a pouco o dia amanhece e exigirá de mim um sorriso falso enquanto minha mente me destrói mais a cada minuto.

E eu sinto que não tenho mais força para isso.

"Altruísmo" (23 de junho de 2016)



Ninguém faz nada por ninguém.

Todas as nossas ações são realizadas visando nosso bem estar ou o bem estar de nossos genes, por mais que esses genes não estejam em nossos corpos.

Todas as boas ações que fazemos servem para alimentar nossa auto estima, para nos sentirmos úteis, para que nossos espíritos não sofram após a morte, ou para outras pessoas nos verem como "bons samaritanos", nada é feito pensando realmente no outro, por mais que não nos demos conta disso.

E em relacionamentos amorosos não é diferente.

Nós buscamos relacionamentos para obtermos bem estar, para sermos bem tratados, conseguirmos uma estabilidade, não ficarmos sozinhos, ter alguém para nos ajudar a levantar quando caímos.

Todas as vezes que cuidamos do outro, estamos na verdade garantindo que seremos cuidados quando precisarmos.

Todas as vezes que nos sentimos mal por vermos o outro triste, é porque naquele momento aquela pessoa não poderá nos proporcionar bem estar.

Todas as vezes que declaramos nosso amor, é para ouvirmos o quanto o outro nos ama.

E todas as vezes que nossas expectativas não são atendidas, aparecem as frustrações, as brigas, as chantagens emocionais... os términos.

Cada um com sua tática para fazer o outro se adequar às nossas vontades, ao nosso bem estar, e quem não sabe jogar perde.

O amor é uma emoção egoísta, e quando nos damos conta disso, inevitavelmente nos questionamos se a pessoa que está ao nosso lado ficaria conosco independente da adversidade que possa surgir, e a coisa mais difícil é admitirmos para nós mesmos que o risco do abandono é sempre existente.

É só uma questão de tempo.