terça-feira, 2 de agosto de 2016

980 days of you (2 de agosto de 2016)



Hoje eu acordei triste.
Algo que tem se tornado cada vez mais comum em minha vida, mas eu sei que não será sempre assim, porque dessa vez eu sei o nome e sobrenome dessa tristeza e sei que uma hora vai passar.

O amor é mesmo uma droga poderosa, te faz acreditar que é tudo o que você precisa, que é o suficiente para suprir todas as suas necessidades e que por ele você pode passar por cima de qualquer coisa, até mesmo por cima de suas próprias vontades.

Mas sempre que isso acontece, chega uma hora em que você não consegue mais suportar o peso de se privar de seus anseios e é aí que geralmente você percebe que amor não é tudo e vem o temido término.

E foi assim quando eu não mais aguentei a privação da qual me submeti e você foi embora, exatamente como você já tinha me dito que iria.

E eu sei que você não entende o motivo que me trouxe até aqui, mas eu simplesmente não podia mais levar a minha vida dessa forma, eu não podia mais viver me aprisionando dentro do meu próprio corpo, eu jamais conseguiria alcançar a auto satisfação com o espelho dessa forma, e não existe nada pior do que acordar todos os dias da sua vida se odiando, odiando o que você vê no espelho, odiando o que você toca durante o banho, odiando as roupas que se veste, odiando os nomes que usam para te descrever ou se referirem a você, odiando até mesmo o som da sua própria voz.

Essa é uma dor insuportável da qual eu não podia mais me forçar a suportar, minha capacidade de resiliência é limitada e eu cheguei ao meu limite. 

E acredite, nada na minha vida foi mais difícil do que me ver tendo que escolher entre minha vida e você, porque o que eu mais queria era poder ter você para sempre comigo, mas não é assim que a vida funciona e sempre é preciso sacrificar algo que se ama para ter algo que se precisa, e me doeu muito sacrificar esses dois anos e oito meses que compuseram o nosso maravilhoso relacionamento.

E por mais que nós tenhamos tido nossas desavenças, por mais que nós não tenhamos sabido direito como lidar com nossas diferenças, você foi um namorado melhor do que eu jamais pude imaginar que eu viria a ter, e eu te amei muito durante todos esses dias e continuo de amando, e é com lágrimas nos olhos que eu digo que eu sinto a sua falta todos os dias, desde o momento em que eu acordo até o momento em que vou me deitar, e eu sinto que será assim durante muito tempo.

E mesmo eu sendo uma pessoa tão rancorosa, eu não guardo nenhuma mágoa de você, de nenhuma das suas palavras nos nossos maiores momentos de crise e nem do nosso término nada amigável. 

Eu realmente desejo que você seja feliz, do fundo do meu coração eu desejo que você seja realmente feliz, e eu sei que você será, porque pessoas incríveis como você sempre encontrarão quem as ame.

O que eu ganhei nesses 980 dias ao seu lado jamais poderiam me fazer acreditar que perdi meu tempo, eu só tive ganhos na minha vida com você.

Te amarei para sempre.

Adeus, meu grande amor.


202 (20 de julho de 2016)



A lâmina fria desliza suavemente pela minha pele, com tão pouca força que não deixa mais do que vergões espaçados.

Olho para todas as antigas marcas que me tem me acompanhado por anos, cada uma contando a sua história triste, e eu quase posso sentir o gosto do alívio que seus aparecimentos me proporcionaram.

E enquanto a lâmina dança entre minhas cicatrizes, eu sinto cada vez mais anseio em assistir o sangue escorrendo da minha pele.

Mais desejo em macular a carne para liberar toda a dor represada em minha mente.

E a angústia só aumenta, juntamente com o medo de voltar para o vício altamente destrutivo que a automutilação representa.

E quando a lâmina finalmente termina sua dança, encontrando o local exato da minha pele onde ela deve repousar, começa a hora da pressão.

Cada vez mais a lâmina sendo pressionada em minha pele, e cada vez mais o gosto do alívio parece mais perto de tomar meu ser.

Eu quase posso sentir a pele começando a ceder, na iminência do desaparecimento do sofrimento e a chegada daquela antiga sensação estranha de não sentir absolutamente mais nada.

E quando em fim sinto que a catarse está chegando, minha mente é tomada por uma força que eu já não achei mais que eu possuísse.

Uma força capaz de parar a pressão e guardar o bisturi sem que nenhuma nova marca tenha sido feita.

E a angústia continua, mas não será assim que me livrarei dela.


"Cuidado" 20 de julho de 2016


Sua mente é errada
Não funciona direito
Precisa de uma mudança 

Seus pensamentos não combinam com o mundo
Não são normais 
Precisa de melhoramento 

Você não tem autonomia para saber o que é melhor para você 
Você é incapaz de ter uma conclusão sobre quem você é
Precisa deixar que nós ditemos sua trajetória

Não adianta ficar triste, você não tem motivos para isso
Você não pode tomar certas decisões 
Faça o que mandarmos, que isso é para o seu bem

Estamos preocupados com você 
Você não vai ser feliz desse jeito 
Nós te amamos, sabemos o que é melhor para você

Não faça nada do que você possa se arrepender 
Você vai se arrepender 
Seja a pessoa que nós queremos que você seja, só assim você terá uma vida feliz

Você não sabe o que você sente
Você não se conhece 
Você está se enganando 
Você não sabe o que é melhor para você 
Você não sabe de absolutamente nada sobre o que é melhor para você 
Você vai ser infeliz 
Faça apenas o que nós te dissermos 
Não faça isso

Você vai se arrepender 

Você vai se arrepender 

Você vai se arrepender

terça-feira, 28 de junho de 2016

Talvez (29 de junho de 2016)




Talvez eu seja mesmo uma pessoa ruim.

Talvez toda a empatia que eu achei que tivesse, fosse só uma forma de mentir para minha mente.

Talvez eu seja uma pessoa egoísta.

Talvez eu seja mesmo uma pessoa insensível.

Talvez as pessoas que me disseram tais coisas estivessem certas.

Talvez eu seja uma pessoa ruim.

Talvez pessoas ruins devessem ficar afastadas.

Sozinhas para não infectar o resto do mundo com sua maldade.

Sozinhas para não causarem mais mal nenhum.

Talvez seja isso o que me resta.

Ficar só.

Medo (28 de junho de 2016)




Eu nunca fui o tipo de pessoa que alardeia seus progressos ou tentativas de melhoramento.

Eu sempre fui do tipo que age nos bastidores, que evolui distante do palco, que absorve o que está ao seu redor e aplica isso ao pensamento longe dos outros.

Sempre fui o tipo de pessoa solitária, que não sabe pedir ajuda e sente necessidade de resolver seus problemas sem interferência de fora.

E por possuir tal característica, eu nunca gostei de me abrir totalmente para ninguém, nem para aqueles por quem eu sinto que daria minha vida caso fosse necessário.

E nas poucas vezes em que eu não ouvi meu instinto solitário, eu percebi o quanto o ser humano pode ser manipulador.

E assim eu fui a cada momento sentindo mais receio de me mostrar para o mundo.

Mas tantos anos represando vontades e sentimentos tem me causado tantos problemas que me parece impossível deixar tudo explodir sem causar ruptura em muitas das minhas relações.

E para uma pessoa como eu, acostumada com a solidão, cada relação tem um peso grandioso, e por mais que eu saiba que sou especialista em cortar pessoas da minha vida, eu sei que algumas fariam uma falta tão grande que seria difícil superar.

Mas a cada segundo que passa tenho mais certeza que a minha explosão está mais próxima, e isso me assusta.

Eu não sei se possuo força para sobreviver aos meus próprios demônios.

Insensibilidade (28 de junho de 2016)





"Insensível" 

"Frio"

"Indiferente" 

Estou me cansando de ter sempre que dar explicações de como eu sinto as coisas e da intimação constante para que eu me adeque ao padrão emocional.

Todos possuem limitações, e as minhas são essas;
Eu necessito de palavras para entender o que o outro sente, e necessito de um direcionamento para saber como agir em detrimento do sentimento do outro.

Nem mesmo os meus próprios sentimentos são facilmente interpretados por mim.

E eu sofro com isso.

Ninguém percebe o quanto me machuca não ser como a maioria das outras pessoas, e dói de um jeito inexplicável ouvir que sou "insensível".

Tenho a impressão de que me leem como se eu fosse uma espécie de androide incapaz de sentir qualquer coisa, mas isso não é verdade... 
Eu sei que não é verdade.

Eu tenho sentimentos, eu tenho minhas dores e tenho minhas alegrias, por mais destoante que esses sentimentos sejam em comparação com o modo que os outros sentem e demonstram sentir.

Mas isso ninguém percebe, e nem teriam como perceber, meu semblante e minhas atitudes apáticas não são o esperado pela maioria.

Já aceitei que sempre serei a pessoa insensível, fria, indiferente... mas eu jamais serei alguém que obriga outros a me aguentarem, cada um é livre para escolher sentir frio ao meu lado ou buscar calor em outros.

Mas caso escolha o frio, eu imploro para que não me faça sentir culpa por ser incapaz de fornecer calor.

Eu simplesmente não consigo ser como a maioria.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Culpa (23 de junho de 2016)




Ultimamente meus dias estão tão difíceis que eu não estou sabendo lidar com eles.

O monstro da depressão está cada vez mais próximo de mim e eu sinto que terei minha mente engolida de novo.

Estou com muita matéria cumulada e não sinto o mínimo ânimo para estudar.

Não consigo dormir direito a noite e durante o dia minha vontade é apenas de ficar em baixo das cobertas.

Qualquer coisa tem me deixado triste, minha auto estima está lá em baixo e eu fico o tempo todo tentando fingir ser uma pessoa forte.

Mas a vontade de sucumbir ao chamado do aço está me atormentando.

Eu não sei o que fazer para melhorar.
Sinto culpa por não me sentir como todos esperam que eu me sinta em relação a mim.

Sinto culpa por não conseguir ser uma pessoa mais empática.

Sinto culpa por não conseguir estudar.

Sinto culpa por não conseguir esquecer minhas dores.

Sinto culpa por não ser feliz mesmo sabendo que tenho tantos motivos para ser.

E sinto culpa por ser uma pessoa tão difícil de ser amada.

As vezes eu só queria ter mais força para suportar esse peso que só eu enxergo e só eu sinto.

Nesse momento tudo o que eu quero é fazer esse peso ficar mais leve, mas isso significaria mais uma cicatriz, e eu não quero mais essa dependência destrutiva.

Daqui a pouco o dia amanhece e exigirá de mim um sorriso falso enquanto minha mente me destrói mais a cada minuto.

E eu sinto que não tenho mais força para isso.